VOYEURISMOS, INDISCRIÇÕES E DESCRIÇÕES
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julho 04, 2009

NAo lado do homem que fala sózinho reside outra familia: Um casal com dois filhos rapazes adolescentes.
Inicialmente não prestei grande atenção àquela janela, as movimentações nas outras chamaram-me particularmente por me parecerem mais agitadas e consequentemente com mais sumo.
Mas uma destas noites, já bem tarde, o sono não vinha, o calor no apartamento era muito e fui para a janela. Fiquei recostado no parapeito a tentar apanhar alguma brisa que refrescasse, mas por sinal, o calor era tanto dentro como fora de casa e ao fim de algum tempo, cansado, mole, resolvi recolher-me. Estava a compor os cortinados quando vi luz no prédio defronte.
Foi precisamente na janela desse casal dito normal que vi uma cena que me arrepiou.
O homem esbofeteava a esposa, ela de mãos erguidas a tentar proteger o rosto e os dois filhos a interporem-se. Havía empurrões e sacudidelas, gritos quase de certeza.
A mulher continuou a ser espancada apesar dos filhos tentarem defender a mãe.
Tentei apurar o ouvido, escutar algum grito, pensei em telefonar à Policia.
A luz da casa dos velhotes acendeu-se. O reformado apareceu à janela na sua costumada camisola de cavas, debruçou-se, olhou para cima.
Deduzi que a gritaría fosse tal que no prédio já tivessem dado pela coisa.
E assim deve ter sido. Pouco depois chegou a viatura das autoridades.
Fiquei perturbado, não preguei olho.

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