VOYEURISMOS, INDISCRIÇÕES E DESCRIÇÕES
.
.
.
.
.
.

julho 06, 2009

NÉ impossível situar quando começou esta minha obssessão, ou tão pouco a causa que me impele a estar horas e horas da minha vida a olhar para as janelas dos outros.
Às vezes penso que tudo começou em criança, quando não quería comer e a minha mãe me sentava no parapeito a falar das casas defronte da nossa.
Era uma contadora de histórias.
Conseguía que eu comesse a papa toda e até rapasse o prato!
Mas o engraçado da questão é que em vez de pôr pessoas a morar por detrás daquelas janelas e varandas, a minha mãe habitava-as de dragões e de gigantes, cavaleiros de espada e até mesmo piratas que chegavam a casa carregadinhos de moedas e pedras preciosas.
Levava-me a imaginar o que eu não vía e por mais perguntas que eu lhe fizesse sobre como sabía ela daquelas coisas todas nunca me dava a evidência como resposta. Nem podía... Eram tudo estórias da carochinha mas que me fazíam comer, sonhar e fomentar a criatividade que há naturalmente numa criança.
Agora adulto, é certo que por vezes deixo-me levar, e a imaginação flui até aos enredos mais inverosímeis. Mas também é verdade que da observação muito se aprende e ficções aparte, aquilo que vejo, frequentemente, é superiormente incrível às narrativas da minha mãe.

2 comentários:

Teresa Durães disse...

a realidade consegue ser mais ficção do que a própria ficção! Também gosto de observae!

MagyMay disse...

Gosto do que escreves...gosto do teu "espreitar janelas"...gosto da "obsessão" que permite ver para além das evidências...gosto de imaginação.
Tens um blog cativante.
(poucos ainda te descobriram...má sorte a deles...sorte minha)