VOYEURISMOS, INDISCRIÇÕES E DESCRIÇÕES
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junho 18, 2009

NO gato saltou para o parapeito para tomar sol.
A mulher está sentada exactamente no mesmo sitio de ontem, com a mesma roupa de ontem, o rabo-de-cavalo.
É estranho estar em casa à hora que o gato se acomoda no parapeito. Talvez esteja de férias, folga ou tenha telefonado a dizer que não vai trabalhar. Deve ter um emprego, acho, pela rotina das saídas e entradas. É ainda mais estranho uma mulher que regula a sua vida pela repetição dos mesmos gestos se encontrar tão quieta e sentada no mesmo sitio desde ontem. Deduzo que não se tenha levantado. Mas se o fez retomou exactamente a mesma posição em que a observei pela última vez.
Só não chora, não se torce.
Alguma coisa aconteceu para interromper o seu quotidiano e veio directamente do telefonema que recebeu.
O gato ainda não foi alimentado: Sobe e desce do parapeito, salta-lhe para o colo, depois regressa ao parapeito, vejo-lhe a pequena boca cor-de-rosa a abrir num miado.
No entanto, a mulher não parece ouvi-lo, permanece imóvel.
Uma janela que não posso perder. Mesmo em detrimento das outras.

1 comentário:

observatory disse...

:)))))



muito bem :)