VOYEURISMOS, INDISCRIÇÕES E DESCRIÇÕES
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junho 14, 2009

NO miúdo do 5º é um solitário, não tem ninguém com quem brincar e os pais não lhe prestam muita atenção.
Se o vigiassem teríam visto que o garoto já tem força para se impulsionar ficando com mais de metade do tronco para além do parapeito. O meu coração disparou. Uma criança não, por favor, não!
Depois as mãos escorregaram e deslizou para dentro. Mas como se sentiu grande e vitorioso com as suas capacidades cada vez se foi tornando mais afoito. Desatou a chamar por toda a gente que passava lá embaixo. As pessoas olham, algumas não ouvem, outras ignoram.
Foi tal a gritaría que a mãe apareceu por detrás dele, deu-lhe um safanão e de seguida arrancou-lhe a pistola de brincar e lançou-a à rua.
Ouvi um estrondo, abri a minha janela e lá estava: A pistola em cima do capot de um carro estacionado. Uma valente amolgadela.
A mãe do miúdo também espreitou, mas logo que viu o estrago trancou as janelas e correu os cortinados.
Dali já não tenho mais nada. E muito provavelmente nos dias seguintes também não.
Terei que me focar noutro andar, noutra janela.

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