VOYEURISMOS, INDISCRIÇÕES E DESCRIÇÕES
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junho 22, 2009

NNão fui só eu que me pendurei na janela para ver: Defronte e de várias janelas que eu ainda não me tinha apercebido surgiram mirones para ver o aparato da ambulância. E até do meu próprio prédio parecía que nascíam cabeças que se voltavam para os lados a comentar entre a vizinhança o que tinha acontecido.
Ouvi histórias mirabolantes, cada qual mais fantástica e (impossível) que a outra, numa disputa de conhecimentos sobre a vida alheia ao género de um argumento de Fellini.
Vi deitarem o corpo inerte da mulher na maca.
Senti um aperto no peito. Pode parecer estranho, mas à custa de observar quem está à minha frente, passa a haver uma identificação com as vidas de quem mora tão perto e tão longe de mim.
A mulher está viva. Creio que se assim não fosse sairía completamente tapada, o que não aconteceu.
Depois da ambulância ter partido ainda permaneceram à janela uns quantos que habitualmente restam para fazer o relatório final e claro, acrescentar uma boa dose de imaginação. Já vão ter tema na próxima reunião de condóminos.
O velhote que cospe hoje esteve acompanhado da esposa. Ela trouxe uma almofada tal como ele tem e ali ficaram os dois atentos ao espectáculo.
Daqui vejo o gato no parapeito. Que vai ser do pobre bicho?

2 comentários:

observatory disse...

batista russo?

nao sei

foi em duque de palmela

a chegar a alexandre herculano

isto continua a crescer

abarço

cesar

casa de passe disse...

Pois, se não ia toda tapada estava viva, o que não quer dizer que ainda esteja. De qualquer maneira se é para ficar toda estropiada, mais vale...


Alice